Todo mundo tem problemas

by - julho 26, 2019


Olá Queridos, tudo bem?

Tenho andado muito sumida por aqui, mas hoje venho lhes contar o real motivo do meu sumiço. Então, senta que lá vem história! E das tristes.

Minha vida nunca foi muito fácil. Primeiramente por não ter nascido em berço de ouro. Meus pais eram muito jovens quando eu cheguei e eles praticamente “cresceram” enquanto me criavam.

A primeira vez que fiz terapia foi quando tinha 4 anos. Acabava de ganhar um irmãozinho do qual eu não estava preparada mentalmente pra ganhar. Aquele papo de querer ser filha única pra sempre e ter muito ciúme dos meus pais. Não demorou muito tempo, meus pais se separaram, após muitos anos de relacionamento conturbado (no caso, desde que eu nasci). E também havia o fato de que eu não ia bem nas escola, e era dita como “avoada” pelos meus professores. Nunca fui muito concentrada.

Após isso tive uma infância muito difícil para uma garotinha imatura. Meus pais brigavam muito ainda após a separação, eu ainda não me dava bem com meu irmãozinho; não tinha coleguinhas além da minha prima que morava na mesma casa que eu na época; cada ano eu estudava numa escola diferente, então era ainda mais difícil manter os coleguinhas da escola. Enfim, diversos fatores que me fizeram ser uma adolescente introvertida e problemática.

Cresci no meu mundinho. Vivendo de ler e escutar música, que eram as coisas que me distraíam de tudo o que tava acontecendo. Por conta disso tomei o gosto por escrever. Me dedicava a escrever sobre tudo o que eu gostava no mundo. Meu primeiro blog de histórias veio quando tinha 12 anos. Era a febre das fanfics e eu gostava de criar personagens baseados em quem eu gostaria de ser ou me tornar um dia. Não vingou porque eu não tinha coragem de mostrá-los para as pessoas. Alguns “amigos virtuais” que liam na época. Fiz muitas amizades assim.

No meio disso, eu não tinha uma relação muito boa com a minha mãe. Por causa da separação dos meus pais, ela se dedicou muito a vida dela a cuidar do meu irmãozinho. E eu ainda não me dava bem com ele na época. Me senti esquecida, excluída, então tive que me virar mais por conta própria, dependendo única e exclusivamente de mim mesma.

Meu pai anos após a separação, formou outra família, na qual eu tenho mais duas irmãs.

E tudo sempre foi motivo para que eu me desesperasse por ser aceita, para que gostassem de mim, para que eu me sentisse feliz.

Em 2015, minha primeira briga séria com a minha mãe, a fez me colocar pra morar com meu pai. As coisas foram boas no início, mas eu ainda não me sentia amada. E eu já sentia a rejeição vinda de tantos anos atrás, então ela chegou novamente. Os primeiros meses do ano foram sem manter contato algum com a minha mãe. Eu me sentia mal por ela ter feito o que fez só pra me ver longe dela. Mas fiz de tudo para ser “aceita novamente”.

Em 2016 foi a mesma coisa, só que dessa vez de uma forma invertida. Foi minha madrasta que não me queria mais “na casa dela”, após um desentendimento por conta das pirraças da minha irmã mais nova. Então eu voltei para casa da minha mãe com mais um peso da rejeição. Mas agora eu sentia que a rejeição era mais vinda do meu pai, que não havia feito nada para me defender, do que da briga com a minha madrasta.

Naquele ano eu senti cada vez mais forte o peso das minhas doenças psicossomáticas.

Em meio a isso tudo, existia Fabricio. Ele era meu namorado desde 2014. Sempre foi quem mais me apoiava e segurava minhas pontas enquanto eu sentia tudo desmoronar. Foi meu primeiro e tem sido meu único amor até hoje. Já são 5 anos ao meu lado aguentando coisas que eu não sou capaz de aguentar.

Quando me formei no ensino médio, logo fiquei aflita por fazer minha faculdade. E tinha muita gente apoiando minha decisão, assim como tinha muita gente - principalmente meus pais -, que não achava que era a hora pra mim ainda. Então com o apoio da minha prima, fomos lá e eu me matriculei. Após isso, fui morar na casa dela, que era 15 minutos de distância da faculdade. Seria melhor para mim estar mais perto da universidade e dos lugares onde possivelmente eu acharia emprego.

E foram, 2 anos tentando, mas nada aparecia para mim. Por conta disso, meu desespero e a vida adulta bateram ainda mais alto na porta. Parecia que meus problemas estavam todos desesperados, derrubando as barreiras para me alcançar. Fraca e desesperançosa, eu acabei por deixando eles entrar.

Foi quando eu completei 20 anos, que eu senti tudo vir à tona. E veio tão rápido que não deixou nem meu aniversário passar.

Logo no dia 21 de janeiro desse ano, em que eu completaria 20 anos, e deixaria de ser teen para me tornar adulta de vez, que surgiu a primeira responsabilidade. Minha mãe ficou internada com problemas de rins bem no dia do meu aniversário. Cantei parabéns dentro de uma ambulância e tudo. E como aquele dia foi pesado. Desde ter que “autorizar” um procedimento cirurgico, a ter que ficar horas sentada numa cadeira de hospital esperando tudo dar certo para eu poder ir para casa descansar, que era o que eu mais queria naqueles momentos de aflição. Vivi as 24h inteiras do dia do meu aniversário só pedindo a Deus que aquele dia terrível acabasse logo.

Depois disso veio a primeira crise. Após um dia terrível, onde tudo deu errado, quando eu já estava no aconchego do meu namorado, o pânico veio. Sem motivo algum, no meio da noite, segura em casa. Eu sentia que ia morrer, e não respirava por mais que eu fizesse todo o esforço do mundo para isso. E no dia seguinte novamente.

E isso se repetiu por muitas vezes. Quando eu fui para minha primeira aula na auto escola. Quando eu estava sozinha em casa. Até num dia em que eu havia saído com amigos para uma balada para me divertir. Cada vez pior, me deixando cada vez mais à beira do colapso. Me causando algo que eu nunca tinha tido antes: vontade de morrer.

Comecei a fazer terapias. Minha psicóloga me disse que só as terapias não funcionariam, que eu deveria buscar um psiquiatra e começar a tomar remédios para que as crises constantes fossem controladas.

Minha primeira dose do remédio me deixou horrível. Eu mal dormi a noite toda, e no dia seguinte tinha que fazer uma prova da faculdade. Até a professora que aplicou a prova veio me questionar se eu estava bem, e eu só sabia tremer e rir por causa do efeito do remédio. Mas eu sabia que era para o meu bem.

Cada dia em casa sozinha me fazia querer desistir de tudo. E eu até cogitei em me jogar do andar em que eu morava (9° andar). Eu me sentia péssima por ter aqueles pensamentos e só pensava em ter companhia. Pois eu tinha medo de ficar sozinha comigo mesma.

Então eu decidi que era hora de voltar pro colo da minha mãe. Que desde que se deu conta dos meus problemas, foi meu maior apoio.

E tem sido tudo muito difícil. Uma das últimas crises que eu tive, no dia das mães. Eu só me debatia e dizia que queria morrer, que nada mais importava. E tem sido horrível, mesmo tentando me reerguer.

Nem todos os dias são bons, e às vezes nem sempre quando eu to bem, eu to bem de verdade. Então eu decidi que tiraria esse tempo pra mim, e voltaria quando sentisse vontade.

Mais melhor que isso, eu decidi que o blog não tem que ser pra mim uma obrigação, e sim uma diversão, um lugar que eu possa expressar meus sentimentos sem medo de quem vai conhecê-los. Que eu não tenho que ter vergonha dos meus problemas, e eu posso expo-lós aqui sem culpa e quando eu bem quiser. Que eu não quero viver só de beleza e coisas boas, porque os momentos ruins também fazem parte de mim e do que eu sou. E além disso, viver um dia de cada vez, sem desespero pro amanhã, porque o amanhã vai chegar e tudo vai se acertar no tempo que tem de ser.

Não é porque eu não consegui um emprego até agora que eu sou incapaz de conseguir. E meus sonhos são no tempo que eu estiver disponível e saudável para realizá-los, e não me afobar nem sofrer por isso. E além de tudo, a não superestimar meus problemas e minha capacidade de resolvê-los. Eu to viva até hoje e isso é o lucro que eu ganho por estar bem e continuar saudável com a minha saúde mental.

Eu não garanto que vou estar bem todos os dias da minha vida como tenho tentado estar. Mas todo mundo é assim no final, todo mundo tem dias ruins e dias bons. E isso faz parte do que é viver, afinal!

Então, até a próxima, e um beijo da Jubs!


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